Arquivo virtual da Geração de Orpheu

Medium
Fernando Pessoa
BNP-E3, 88 - 6
BNP-E3, 88 - 6
Fernando Pessoa
Identificação
[Sobre o Sensacionismo]

[BNP/E3, 88 – 6]

 

O dinamismo coloca o ponto de partida da sua artificialização da sensibilidade no mundo externo, no objecto a descrever ou a cantar, seja qual for. Ora como a condição fundamental do mundo externo é a impermanência, a força em continua acção, o Dinamismo interpreta tudo como fugitivo, de passagem.

Para o abstraccionismo o ponto de partida é já, não o objecto da sensibilidade, mas o conceito mediato entre esse objecto e a própria sensibilidade. É, por isso, sobretudo intelectual.

O Sensacionismo recua ainda mais o ponto de vista da artificialização: ele já não está no conceito mesmo, mas na própria sensação inteiramente subjectiva.

.....

 

[6v]

 

A artificialização da sensibilidade consegue-se substituindo as condições que a natureza fornece para a manifestação de determinados fenómenos por outras condições – igualmente naturais, é certo – onde ela se manifeste da maneira que desejamos: {…}

Assim, o único modo de acompanharmos {…}

 

Dissolvida a Personalidade, a sensibilidade impessoal, vivendo a própria vida dinâmica das coisas, poderá sempre acompanhá-las. Abdicando do dogma da Individualidade, a sensibilidade coexistirá com a de todos os homens, {…} Deixando o preconceito da continuidade temporal, a sensibilidade passa a existir em todas as coisas consideradas como presentes.....

 

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2265
Classificação
Literatura
Sensacionismo
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Publicação parcial: Paula Cristina Costa, As Dimensões Artísticas e Literárias do Projecto Sensacionista, Tese de Mestrado em Literaturas Comparadas Portuguesa e Francesa, Lisboa, FCSH – Universidade Nova de Lisboa, 1990, p. 325.
Publicação integral: Fernando Pessoa, Sensacionismo e Outros Ismos, edição de Jerónimo Pizarro, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2009, pp. 236-237.