1874-1955)

Médico e neurocirurgião português de seu nome completo António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz. Regente, a partir de 1911, da cadeira de Neurologia da Universidade de Lisboa da qual foi o primeiro professor. Desenvolveu estudos e investigações nas áreas da Neurologia e cirurgia dos centros nervosos (angiografia cerebral), bem como do tratamento cirúrgico de certas psicoses (leucotomia). Abraçou a carreira política tendo sido deputado de várias legislaturas (1903-1917), Embaixador de Portugal em Madrid (1917) e Ministro dos Negócios Estrangeiros (1917-1918). A par destas actividades foi escritor, orador, conferencista e coleccionador de arte. Da sua bibliografia, para além dos ensaios científicos, constam, nomeadamente, estudos sobre Júlio Dinis (1918) e José Malhoa (1928). Numa conferência dedicada aos Pintores da Loucura (SNBA, 7/2/1930) mostra-se, embora sob o prisma redutor da alienação na arte, um profundo conhecedor das artes plásticas e das correntes modernas em particular. Em Novembro de 1914, Fernando Pessoa dedica-lhe o poema «Ainda há do teu sangue em minhas veias» (FP, Poesia 1902-1917, p. 255). Porém, num texto que poderá constituir a resposta ao inquérito «sobre “paulismo”» apresentado pelo jornal A Lucta (11/4/15) a «dois ilustres psiquiatras portugueses» – Júlio de Matos e, um anónimo «especialista de doenças nervosas e mentais, um diletante em coisas d’arte» cuja «inteligência se tem […] afirmado no campo da política», descrição em que Egas Moniz facilmente caberia – Fernando Pessoa trata o célebre neurologista de «Conselheiro Acácio da neurologia nacional», incapaz de «uma opinião própria» e de «esculpir relevo em uma única frase» (Fernando Pessoa, Escritos sobre Génio e Loucura, IN-CM, p. 398).

 

Sara Afonso Ferreira