O Creacionismo foi a escola literária idealizada em 1914 e trazida para Espanha pelo poeta chileno Vicente Huidobro, que visita Madrid em 1916 e em 1918, ano em que se estabelece provisoriamente na capital espanhola, convertendo-se numa presença marcante na génese do Ultraísmo. Huidobro foi, em rigor, o fundador da poesia vanguardista em espanhol, e o Creacionismo, a primeira e mais importante corrente estética das que por aquela altura surgiram em Espanha.

O Creacionismo distingue-se do Ultraísmo e da maior parte dos movimentos de vanguarda da época pelo seu carácter construtivista, tomado do cubismo pictórico, com o qual manteve notáveis afinidades, alimentadas pela amizade de Huidobro com Juan Gris ou Jacques Lipchitz. Em 1918 Huidobro publica quatro livros: Tour Eiffel, Hallali, Ecuatorial e Poemas árticos foram especialmente importantes no momento fundacional do Ultraísmo, e marcaram uma nova forma de conceber a reflexão sobre o objecto poético, que Huidobro sustenta a partir de uma perspectiva orgânica: “hacer un poema como la naturaleza hace un árbol”. Trata-se de uma espécie de vanguarda clássica que não desdenha a tradição e que contagiou autores espanhóis como Gerardo Diego e Juan Larrea, que se filiaram na escola creacionista, desenvolvendo o primeiro o conceito de “imagem múltipla” como o seu mais notável contributo para escola.

No entanto, as numerosas desavenças literárias protagonizadas por Huidobro (primeiro com P. Reverdy sobre a paternidade do “cubismo literário”; depois com Guillermo de Torre, que tentou negar-lhe o seu papel inaugural na vanguarda hispânica; finalmente nos anos da Guerra Civil, em que regressa a Espanha, com Pablo Neruda) acabaram por obscurecer o seu trabalho poético e o papel notável que desempenhou na génese da vanguarda hispânica.

 

Costa, René de (Ed.), Vicente Huidobro y el creacionismo, Madrid, Taurus, 1975.

Costa, René de, Huidobro, los oficios de un poeta, México, FCE, 1984.

 

ANTONIO SÁEZ DELGADO