Identificação
[BNP/E3, 14E – 38-39]
Cesário Verde is the most original of poets. Not that he is the sublimest, or tenderest {…}. Nothing of the sort. He is not preeminent in any poetical qualities. Where all true poets succeed he fails. But he has a system of ideas, of sentiments proper to himself, a style also all his own.
In all poetry there is only one truly element – the joy of observing and of conceiving. This Cesário has. This healthy element of poetry he has more than any one else.
His seems the poetry of a healthy man – too healthy to be a poet. Yet he is a genuine poet.
[38v]
All enthusiasm, all sentiment he represses. All his ideas on the Mystery of existence he resumes in a clear-cut, calm, sober quatrain
And I – how many times I have the pain
Of thinking on the grave. And I pounder on
The eternal and infinite Unknown
That ideas are powerless to contain.
We feel that he has thought, turbid all his calmness. There is a certain turn in the expression that tell us as much.
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Yet he observes {…} he does not relish looking at beauty, he relishes looking – be it at this or that.
[39r]
He is a poet of unpoetical things. Does he treat them then poetically? No; most curious thing of all; he treats them unpoetically and yet is a poet. He calls up their poetry in no poetic spirit. He describes and we are taken by the clearness, by the neatness, by the conciseness nowise essentially by the beauty of his descriptions; but they have a beauty and that consists in this clearness, neatness, conciseness.
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His expression is entirely his own. No one has that |quaint| but not |queer| turn of phrase, that {…}
[39v]
His faults are then consequent on his lack of a true poetic temperament. When all true poets succeed he fails, we have already said.
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His absolute originality is very remarkable. Crabbe altered, Cesário created methods.
Many of Cesário’s {…} are trifling. He is no writer.
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He had not yet indeed eliminated some turns of expression reminiscent of Baudelaire – distinctly reminiscent, by analogy, be it said.
[BNP/E3, 14E - 38-39]
Cesário Verde é o mais original dos poetas. Não que ele seja o mais sublime ou o mais terno {…}. Nada desse tipo. Ele não é proeminente em quaisquer qualidades poéticas. Onde todos os verdadeiros poetas têm sucesso, ele falha. Mas ele tem um sistema de ideias, de sentimentos próprios, um estilo também todo seu.
Em toda a poesia existe apenas um elemento verdadeiro - a alegria de observar e de conceber. Isso Cesário tem. Esse elemento saudável da poesia ele possui mais do que qualquer outro.
A sua poesia parece ser de um homem saudável - saudável demais para ser poeta. No entanto, ele é um poeta genuíno.
[38v]
Ele reprime todo o entusiasmo, todo o sentimento. Todas as suas ideias sobre o Mistério da existência, ele resume em uma quadra bem definida, calma e sóbria
Eu que de vezes tenho o desprazer
De reflectir no túmulo! E medito
No eterno Incognoscível infinito,
Que as ideias não podem abranger!
Sentimos que ele pensou, turvando toda a sua calma. Há uma certa reviravolta na expressão que nos diz isso.
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No entanto, ele observa {…} que ele não gosta de olhar para a beleza, ele gosta de olhar - seja isto ou aquilo.
[39r]
Ele é um poeta das coisas não poéticas. Ele trata-as poeticamente? Não; a coisa mais curiosa de todas; ele trata-as de maneira não poética e, no entanto, é um poeta. Ele invoca a sua poesia sem nenhum espírito poético. Ele descreve e somos levados pela clareza, pela limpidez, pela concisão e não essencialmente pela beleza das suas descrições; mas elas têm uma beleza e isso consiste nesta clareza, limpidez, concisão.
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A sua expressão é inteiramente sua. Ninguém tem aquela reviravolta |pitoresca| mas não |estranha| de frase, que {…}
[39v]
As suas falhas são consequência da sua falta de um verdadeiro temperamento poético. Quando todos os verdadeiros poetas são bem-sucedidos, ele falha, já dissemos.
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A sua originalidade absoluta é notável. Crabbe alterou métodos, Cesário criou-os.
Muitos dos {…} de Cesário são insignificantes. Ele não é escritor.
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Na verdade, ele ainda não havia eliminado algumas formas de expressão que lembram Baudelaire – que lembram distintamente, por analogia, digamos.