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Fundo
Fernando Pessoa
Cota
[BNP / E3, 14E - 8]
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[Sobre Shakespeare]
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Autor
Fernando Pessoa

Identificação

Titulo
[Sobre Shakespeare]
Titulos atríbuidos
Edição / Descrição geral

[BNP/E3, 14E – 8]

 

{…} the[1] intoxication of secundariness…

_______

Their incompetence to understand the world with their instincts.

_______

He (Shakespeare) has all the great qualities of the poet, except one; all the |great| qualities of the artist, except one; all the |great| qualities of the dramatist, except one – and that is the ability to command all the other qualities. He could never put that finishing touch which is, paradoxically, the very beginning of art.

 

The common fallacy of his superiority to Milton is the typical disgrace of the aesthetic taste that Christianity has produced. One day, at due length, I shall compare the two feature by feature, showing, which is[2] easy enough if the

 

 

[8v]

 

understanding existed which should render the proof unnecessary – the contrary to be correct.

_______

Shakespeare is the greatest crime of Christ. A nature that had never an equal for poetic richness, for all-embracing comprehension, for all-understanding subtlety, as strikes at heart into the sterility of indiscipline and curst by the very blessing the gods gave him[3]. Ever[y] quality that contributed to his making, contributed to his murdering.

 

That critical point of my youth when I made the true great pagan discoveries: that Shakespeare is inferior to Milton; that all reactions against Christianity, even Julian’s, are Christian; that slavery is a natural fact without which no balanced civilization can exist.

 

 

[BNP / E3, 14E - 8]

 

{…} A intoxicação de secundariedade…

_______

A sua incompetência para entender o mundo com os seus instintos.

_______

Ele (Shakespeare) possui todas as grandes qualidades do poeta, excepto uma; todas as |grandes| qualidades do artista, excepto uma; todas as |grandes| qualidades do dramaturgo, excepto uma - e essa é a capacidade de dominar todas as outras qualidades. Ele nunca conseguiu dar aquele toque final que é, paradoxalmente, o início da arte. 

 

A falácia comum de sua superioridade em relação a Milton é a desgraça típica do gosto estético que o cristianismo produziu. Um dia, no devido tempo, compararei os dois, aspecto por aspecto, mostrando, o que é bastante fácil se existisse o  

 

[8v]

 

entendimento que devesse tornar desnecessária a prova - que o contrário é correcto.

_______

Shakespeare é o maior crime de Cristo. Uma natureza que nunca teve equivalente em riqueza poética, em abrangência de compreensão, em subtileza compreensiva, como atinge o coração a esterilidade da indisciplina e amaldiçoa a própria bênção que os deuses lhe deram. Cada qualidade que contribuiu para sua criação contribuiu para seu assassinato. 

 

Aquele ponto crítico da minha juventude quando fiz as verdadeiras grandes descobertas pagãs: que Shakespeare é inferior a Milton; que todas as reacções contra o cristianismo, mesmo a de Juliano, são cristãs; que a escravidão é um facto natural sem o qual nenhuma civilização equilibrada pode existir.

 

 

 

[1] the/is\

[2] is /were\

[3] him /it\

Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/3789

Classificação

Categoria
Literatura
Subcategoria

Dados Físicos

Descrição Material
Dimensões
Legendas

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Data
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Idioma
Inglês

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
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Proprietário
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Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Rita Patrício, Episódios - Da Teorização Estética em Fernando Pessoa, Braga, Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho, 2008, p. 374 [cf. Rita Patrício, Episódios - Da Teorização Estética em Fernando Pessoa, Vila Nova de Famalicão, Húmus, 2012, pp. 407-408].
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