Identificação
[BNP/E3, 18 – 24]
As artes
Há as artes cujo fim é entreter, que são a dança, o canto e a arte de representar.
Há as artes cujo fim é agradar, que são a escultura, a pintura e a arquitectura.
Há as artes cujo fim é influenciar, que são a música, a literatura e a filosofia.
Ora uma arte cujo fim é entreter, não podendo derivar a sua força, ou o seu valor, nem do tempo que entretém, porque esse tempo forçosamente tem de ser limitado; nem da qualidade de almas que entretém, porque entreter não inclui um valor – só pode derivar a sua força do número de gente que consegue entreter (e, também, da intensidade com que entretém?).
Uma arte cujo fim é agradar deriva já a sua força, ou o critério do seu valor, não só do número de gente a quem agrada, mas deste número somado à intensidade do agrado que causa. Em vez de valer extensamente, como as artes anteriores, vale intensamente.
Entreter não comporta intensidade, porque entreter está ligado a variar, variar a não-durar, e o que não dura nunca pode ser muito intenso (?).
[24v]
As artes cujo fim é influenciar para influenciarem quantitativamente e qualitativamente, têm que ter qualidades que façam com que se dirijam ao melhor público de um grande número de épocas. Para isso é preciso que tenham qualidades que se dirijam à média superior das almas de várias épocas, no que todas as épocas têm de fundamentalmente comum. O que é isso? As épocas superiores têm de comum, ou as épocas têm de comum nas suas pessoas superiores: (1) a análise psicológica, (2) a especulação metafísica, (3) a emoção abstracta (fundamental). [(1) literatura, (2) filosofia, (3) música]