Identificação
[BNP/E3, 18 – 22]
António Mora
A arte é a interpretação individual dos sentimentos gerais. Se é a interpretação de sentimentos só individuais, não tem base na compreensão alheia. E deixa de ter um limite. Porque sendo sem número os sentimentos individuais, não se pode nunca definir o que é arte, ou o que não é arte, dado que cada qual traz a sua arte consigo.
O romantismo, no fundo, é uma confissão de falência. Longe de ter sido uma renovação da arte, foi uma incapacidade de a renovar. Tinham-se gasto as fórmulas clássicas? Não se tinham gasto as fórmulas clássicas. O que se tinha gasto era a inspiração |a| dentro delas. Para encontrar uma nova inspiração, foi mister saltar fora das regras. Por isso disse que o romantismo – porque é uma incapacidade de trabalhar dentro de limites – é uma incapacidade de renovação artística.
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O único modo de renovar a arte é substituir um conceito do
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universo a outro. Para isso não faz mister alterar as formas clássicas da arte. Basta alterar o que se exprime, para a expressão quedar alterada. O romantismo é uma tentativa de reformação da arte de fora para dentro, em vez de de dentro para fora.
Se repararmos em quais são as coisas essenciais da poesia, facilmente nos convenceremos de que são coisas em que não é preciso tocar para reformar a arte. Uma é a construção, outra é a Weltanschauung.