Identificação
[BNP/E3, 103 - 20 – 20a]
Para o panfleto sobre a Nova Poesia Portuguesa
_________________________________________
Provada que a nossa nova poesia (1) apresenta característicos de estranha novidade, (2) que está na linha de evolução da literatura europeia, originando uma nova fórmula – resta analisar qual será a significação sociológica desta nova poesia, do seu aparecimento…
Os grandes períodos literários, isto é, aqueles períodos a que caracteriza uma vincada originalidade, (uma vera e intensa nacionalidade) e uma grandeza real, aparecem – averigua-o um lance de olhos sobre a história – sempre em períodos marcados por uma correspondente grandeza social. Entendamo-nos porém sobre isto de grandeza social. Não se procure entender “grandeza militar”, nem riqueza mas simplesmente “criação de novos elementos civilizacionais”, de “novas fórmulas libertadoras” {…}
[20a]
E em 3 circunstâncias pode aparecer essa época literária – ou antes, ou depois de, ou coincidentemente com, a correspondente época de grandeza social. (Exemplos) Ora nem o passado próximo, nem o presente são épocas de grandeza, originalidade e criação social. Deve sê-lo portanto o futuro. N||
É natural e lógico que, neste caso, aproximemos o nosso período actual daqueles em que o mesmo acontece. Exemplos flagrantes disto há a Inglaterra e a Alemanha – a Inglaterra isabeliana e a Alemanha do século dezanove. Shakespeare vem antes de Cromwell, vem esperando antes; Goethe vem |*antecipando| mais antes de Bismark. Em ambos os casos o poeta é {…}, em ambos os casos o homem-de-estado é um criador não só da grandeza nacional, mas também de exemplo civilizacional.