[BNP/E3, 144 – 77-78]
A degenerescência nos pré-Rafaelitas do sentido artístico toma a forma peculiar de deixar as formas tomar no seu espírito o lugar da ideia. Escrevem uns versos, cuja música suave se insinua ao ruído; a leitura desses versos dá a ideia de tristeza porque o ritmo é triste. Procura-se a ideia e não se acha; são palavras, bocados de ideias, incoerências várias ligadas e desligadas, mas como o ritmo em que são lançadas insinua uma tristeza – aos espíritos doentes dos pré-Rafaelitas facilmente se afigura que acabam de escrever ou de ler um poema triste, uns versos patéticos, quando o que acaba de lhes acontecer é ouvir uma música (obtida por palavras em lugar de notas) cujo ritmo insinua uma tristeza sem ideias, uma melancolia {…}. É uma confusão degenerativa entre as funções respectivas da poesia e da música como formas de arte. Deixo aos psicólogos alienistas a explicação do fenómeno. Que é um caso de degenerescência mental é coisa evidente e inegável.
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A única forma em que a inspiração pré-Rafaelita {…} é o soneto. A razão é simples. É forçado a condensar-se, a concentrar-se, portanto a não delirar.
[78r]
Os Pré-Rafaelistas vieram em parte[1] ao que parece, realizar em poética aquela receita para a construção de uma peça que justamente tornou notável um hipotético sargento: “Pegue-se num buraco e deita-se-lhe ferro à roda”. A corrente Pré-rafaelita pegou em nada e deitaram-lhe versos à roda.[2] Não achamos outra maneira de dar expressão à vacuidade ideativa desta associação de inspirados.
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“The Germ” {…} mas o movimento que origina no “Germ” pegou e, pegando, mostrou o que valia. O germe era um bacilo.
[1] em parte /, alguns pelo menos,\
[2] /Alguns membros membro da\ A corrente Pre-raphaelita pegou /pegaram\ em nada e deitaram-lhe /[bordara-lhe] versos à roda /em roda\.