Identificação
[BNP/E3, 142 – 87-87a]
I
Durante dois artigos quedou a corrente literária insuficientemente caracterizada. O que ora nos propomos é resolvê-la nos seus elementos psiquicamente constitutivos {…}. Esta análise, a par de dar nítida ideia do que |esta|[1] corrente é, e a par de {…}, servirá para reforçar os argumentos, de ordem sociológica, anteriormente |exprimidos|[2], porquanto {…} da corrente resultará a constatação, vincada e {…}, da sua originalidade e da sua elevação, posto que, em outro artigo, mais que sumariamente não tratámos, inimigos o espaço e a proporcionalidade do raciocínio. Para outro {…} ficará a final análise literária da corrente em questão. Trataremos então da explicabilidade literária e noutro dos poetas portugueses máximos que não estão na nossa corrente. Mas como é que o raciocínio aponta isso! De um modo muito simples, que inclui uma referência aos nossos anteriores artigos, para não necessitar um impossível resumo deles. Mostrámos, ali, {…}
[87ar]
II.
Sabemos que uma corrente literária nada mais é que o tom comum que, em determinada época, distintivamente {…} os |literatos e os poetas| {…}
{…} lembra, portanto, uma corrente literária um conceito geral da vida, implicitamente e por intuição, ou explicitamente e por reflexão, expresso. E esse conceito, fácil é de notar, e útil que para a análise se nota, guiando-se numa tripla relação gnosiológica (gnóstica) no que a sua atitude é (1) para com o universo e a vida, (2) para com a literatura, (3) para com a sociedade; isto é (1) no que de metafísica (2) no que de propriamente literária, (3) no que de social[3], envolve. Ao irmos analisando estes pontos iremos, paralelamente, mostrando o avanço que neles a actual corrente literária mostra sobre as anteriores correntes europeias. Aquelas são subdivisíveis, mas não nos é fácil tomar o problema senão por alto e na máxima generalidade.
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(1) Socialismo (2) sindicalismo (3) anarquismo.
= IV =
Triste seria, de resto, se houvéssemos de ficar acorrentados às ilusões desumanitar|iosas| – anarquistas, socialistas, |sindicalistas| ou outras – com que a estupidez internacional se entretém a destruir a civilização europeia. O que o raciocínio nos aponta numa futura criação nossa é uma nova forma de individualismo que quanto nos dirá de si, e se tiver voz se explicará.
[1] |esta| /a\
[2] |exprimidos| /postos\
[3] social /ética\
Apontamentos manuscritos preparatórios do testemunho impresso publicado por Fernando Pessoa com o título: «A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico», in A Águia, 2ª série, nos 9, 11, 12, Porto, Setembro, Novembro, Dezembro de 1912, pp. 86-94, 153-157, 188-192.