[BNP/E3, 14E – 15]
Os grandes idealistas não atacam o burguês. Shelley investiu padres e reis. Byron investiu-os também, mas não esquece {…}. Shelley não tinha no seu carácter elemento algum burguês. Byron tinha aquela grosseria característica.
Mas porque é que são burgueses os que atacam o burguês? É muito simples – é gente que é meio burguesa e meio artista. Uma parte de si odeia a outra. Fica-se numa e dão coices na outra. É um caso psicológico dos menos complexos.
Um neurologista francês |faz| notar que um sacrilégio só pode ser cometido por uma pessoa {…} de religiosa. (“Quote Grasset”)
A esta gente sacrílega, estetas, aristocratas chamarei eu os incompletos. Por isso é tão fácil à psiquiatria apontar neles inúmeros estigmatas de degenerescência. São indivíduos perpetuamente em via de evolução do real ao ideal. Já
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têm azas, mas os pés ainda lhes pesam mais.