[BNP/E3, 14D – 7]
No último poema de Teixeira de Pascoaes, obra muito bela e quase grande, estão perfeitamente revelados os méritos como os defeitos daquele extraordinário poeta. Apontemos friamente, em frases de síntese e[1] análise, quais esses feitos e esses méritos.
Um misticismo altamente intelectualizado, uma sensualidade extrema irrealizando-se em imaginação religiosa, patriótica e messiânica, um instinto artístico mental subordinado ao misticismo fundamental do seu temperamento – eis, em três traços, Pascoaes. É um poeta do género de Robert Browning. E tem por isso os defeitos do género. Resumem-se em três esses defeitos: uma falta fundamental da noção nítida do conjunto e da harmonização dos detalhes com o todo;
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um excesso de idealização e de espiritualização que esfuma e esbate {…}; e uma falta, não de senso estético (Pascoaes como Browning, não cai no ridículo), mas de paciência estética, pois, como Browning, cai no difuso e no {…}. Como Browning, resumidamente, um grande poeta com grandes defeitos. Qualquer coisa de incompleto, de não-revisto, de deixado estar {…} as suas obras características. Antes da sua característica falha, toca uma vez na perfeição total – na assombrosa Elegia da Vida Etérea. Depois, encontra-a e perde-a. A revelação que lhe deu As Sombras, {…} e acaba por lhe dar uma quase-arte que se esforça involuntariamente por o estragar. Não me refiro {…}
[1] de síntese e /sintéticas de\