[BNP/E3, 14A – 44]
É chegada a hora, parece-nos, de fazer justiça a Teófilo Braga, de tentar ver claramente, visto ele ser um dos nossos directores espirituais, o que ele é e o que não é, por onde vale e por onde é sem valor. Não vamos analisar obras, que isto é um artigo, que não um livro.
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Mas cego será quem não vir que, por debaixo de essa {…}, dessa frequente má fé literária há um homem são, há mesmo uma mentalidade sã. A sua influência não tem sido deletéria. Em quê? Para o povo tem sido um dos
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grandes propagandistas republicanos. Para os literatos iletrados é o grande escritor e o grande sábio; para alguns letrados um homem de valor, para outros um homem cujas obras os provocam a corrigi-las, tantos são os seus erros. Onde há aqui influência deletéria? Em ter um nome mais alto do que deve ter. Em ser considerado um pensador? Um sábio? Em que é isto deletério? A sabedoria é coisa que se dá a alguns e não se possa dar a outros? Ter quantidade certa, de modo que o que se põe dum lado doutro se tira? Não tem. Não nos irrita a falsa grandeza de Teófilo. Para o dar como grande ainda que erradamente, não foi preciso rapetisser um Junqueiro, um Alexandre Herculano.