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Fernando Pessoa - Literary Theory

This digital edition of texts by Fernando Pessoa deals with the set of poetic theorizing writings from hisArchive and brings together essays, comments, notes, sketches and fragments about literature from the Portuguese author. The documents transcribed are in Fernando Pessoa’s Archive in the custody of the National Library of Portugal, with quota E3. All facsimiles are accompanied by a critical lesson and a paleographic transcription, which is available for download in the “PDF” field.

 

 

Medium
Fernando Pessoa
BNP-E3, 18 – 24
BNP-E3, 18 – 24
Fernando Pessoa
Identificação
As artes

[BNP/E3, 18 – 24]

 

As artes

 

Há as artes cujo fim é entreter, que são a dança, o canto e a arte de representar.

Há as artes cujo fim é agradar, que são a escultura, a pintura e a arquitectura.

Há as artes cujo fim é influenciar, que são a música, a literatura e a filosofia.

 

Ora uma arte cujo fim é entreter, não podendo derivar a sua força, ou o seu valor, nem do tempo que entretém, porque esse tempo forçosamente tem de ser limitado; nem da qualidade de almas que entretém, porque entreter não inclui um valor – só pode derivar a sua força do número de gente que consegue entreter (e, também, da intensidade com que entretém?).

Uma arte cujo fim é agradar deriva já a sua força, ou o critério do seu valor, não só do número de gente a quem agrada, mas deste número somado à intensidade do agrado que causa. Em vez de valer extensamente, como as artes anteriores, vale intensamente.

Entreter não comporta intensidade, porque entreter está ligado a variar, variar a não-durar, e o que não dura nunca pode ser muito intenso (?).

 

[24v]

 

As artes cujo fim é influenciar para influenciarem quantitativamente e qualitativamente, têm que ter qualidades que façam com que se dirijam ao melhor público de um grande número de épocas. Para isso é preciso que tenham qualidades que se dirijam à média superior das almas de várias épocas, no que todas as épocas têm de fundamentalmente comum. O que é isso? As épocas superiores têm de comum, ou as épocas têm de comum nas suas pessoas superiores: (1) a análise psicológica, (2) a especulação metafísica, (3) a emoção abstracta (fundamental). [(1) literatura, (2) filosofia, (3) música]

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/2346
Classificação
Literatura
Arte
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Fernando Pessoa, Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1966, pp. 29-30.