(1861-1919)

José Xavier de Carvalho, jornalista, fundou e dirigiu algumas folhas republicanas radicais. Em 1886, vai para Paris, como correspondente de A Província e de vários jornais brasileiros. Nesta qualidade, tem um papel importante na divulgação das principais correntes artísticas europeias. Frequenta os serões literários de Verlaine e Mallarmé, de quem se torna amigo e, em 1888, dá notícia do lançamento no Figaro do «Manifesto do Simbolismo» de Moréas. Ainda antes da tradução e publicação do «Manifesto do Futurismo» de Marinetti, no Diário dos Açores, por Luís-Francisco Bicudo, em 5-8-1909,  já  Xavier de Carvalho se referira, em 26 de Fevereiro do mesmo ano, numa «Carta de Paris», no Jornal de Notícias do Porto, à nova escola futurista, apodada por ele de «blague carnavalesca». De qualquer modo, resume de forma correcta os princípios e dogmas do «novo credo poético». E, em 6 de Abril, relata o fiasco da peça de Marinetti, O Rei Bombance, a que assistira no teatro da «Oeuvre» de Marigny e que provocara no público um autêntico escândalo, com dichotes e gargalhadas. Xavier de Carvalho ressalta, porém, a «surpreendente beleza» da mise-en scène, pintada pelo impressionista Ranson. Xavier de Carvalho é ainda autor, para além de Pela França heróica Portugal Amigo e Aliado (1918), de alguns textos literários, como uma paródia à A Velhice do Padre Eterno de Junqueiro, intitulada A Velhice da Mãe Eterna (1885), e três livros de poemas: Apoteose Camoneana (1885), Poesia Humana (1908) e Cantos Épicos de Guerra (1918). O segundo inclui uma nota relativa às suas relações com os simbolistas franceses; o terceiro, em verso livre, é dedicado à memória do filho que, de acordo com informação de Pedro da Silveira, morrera em combate, em 1915, nas Ardenas, como voluntário da Legião Francesa.

 

 

 

Manuela Parreira da Silva