(1863-1943)
William Wymark Jacobs é um autor inglês de contos e romances. Filho do director de um porto, escreveu histórias de humor relacionadas com o meio que conheceu na infância. Na sua obra retrata personagens relacionadas com a vida dos portos e do mar, marinheiros de navio de médio porte, carregadores, pequenos criminosos, guardas-nocturnos e outros. Jacobs é ainda conhecido por outra vertente da sua produção escrita: os contos de horror, o mais famoso dos quais é «The Monkey’s Paw». Fernando Pessoa tinha várias obras deste autor na sua biblioteca, nomeadamente Captains All, The Lady of the Barge, Sailor’s Knots, Salthaven, Ship’s Company e Short Cruises. Em Erostratus, o seu ensaio sobre a celebridade, refere-se a W.W.Jacobs da seguinte forma: “And those of us who grow dull with the effort to read Shaw or D’Annunzio can seek refuge with Mr. W.W. Jacobs, and sanity with Mr. Wills Croft and Dr. Austin Freeman” (Heróstrato, p. 165). Encontramos ainda, num diário de 1913, em apontamento datado de 20/2, a seguinte nota: “Li W. W. Jacobs até dormir, para abater a excitação de ter pensado” (Escritos Autobiográficos, p. 112). No mesmo diário, no dia 21/2, regista o seguinte: “Estive tranquilamente lendo W.W.Jacobs, para me curar do efeito de uma cousa que o Corado me contou que o Henrique Rosa casualmente de mim dissera”(idem, p. 113). Noutro local afirma: “I have read Mr. W.W.Jacobs’ books several times over” (idem, p. 139). As obras deste autor, juntamente com The Pickwick Papers, de Charles Dickens, parecem ser utilizadas como exemplos de uma leitura de prazer, capaz de manter o interesse do leitor e de o fazer esquecer as preocupações do dia-a-dia. Encontramos o nome de W. W. Jacobs numa lista de personalidades utilizada numa comunicação mediúnica. Pessoa pretendia saber se algum dia chegaria a conhecê-lo, tendo o espírito astral com que dialogava respondido afirmativamente.
BIBL.: Fernando Pessoa, Heróstrato e a Busca da Imortalidade, ed. Richard Zenith, Assírio & Alvim, 2000; Fernando Pessoa, Escritos autobiográficos, automáticos e de Reflexão Pessoal, ed. de Richard Zenith, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003.
Ana Maria Freitas