Revista mensal de estudos económicos, financeiros, sociais e literários dirigida por Cunha Leal, editada por Victor Júdice da Costa e publicada em Lisboa num total de 24 números entre Maio de 1934 e Abril de 1936. Vida Contemporânea pretende ajudar os «diferentes indivíduos confinados em pontos de vista particulares», científicos, culturais, económicos, financeiros ou políticos, «a amplificar o seu campo visual para que se torne, consequentemente, mais tolerante e mais apto a entender-se com os seus semelhantes», e convida «os portugueses a debruçarem-se, com ávida curiosidade», sobre a «retorta do Mundo» onde se está elaborando «um novo estilo de vida», para «ver se conseguem lobrigar as incertas formas do futuro» (Maio de 1934). A revista apresenta assim as rubricas mais diversas – «Vida Económica e Financeira», «Vida Colonial», «Vida Internacional», «Vida Social», «Vida Cultural», «Vida Artística e Literária» – e um vasto leque de colaboradores, entre os quais Aquilino Ribeiro, Abel Salazar, Fidelino de Figueiredo, Vasco da Gama Fernandes e o próprio Cunha Leal. Destaca-se, porém, a colaboração do modernista Almada Negreiros, no primeiro número da revista, com um artigo intitulado «S.O.S. Belas-Artes». Insurgindo-se contra a «vergonhosa decadência da arte portuguesa e essencialmente da arte oficial portuguesa», Almada critica por um lado a Sociedade Nacional de Belas-Artes e as suas exposições anuais, onde «dúzias de pintores jovens e velhos […] se apresenta[m] na nossa época daquela maneira tão inconsciente do momento actual do mundo», e por outro, um Estado incapaz de resolver os problemas da arte autorizando que «a rara vitalidade que acusa a produção artística portuguesa [seja] de iniciativa particular», e que os artistas dignos desse nome mal consigam produzir, «asfixiados pela hostil atmosfera de burocracia oficial artística».

 

Bibl.: PIRES, Daniel, Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900 - 1940), Lisboa, Grifo, 1996.

 

 

Sara Afonso Ferreira