(1888 – 1954)

 

Alberto da Veiga Simões, Escritor, diplomata e historiador. Ingressou na carreira diplomática em 1911 e foi uma testemunha privilegiada da história europeia do seu tempo; dos vários cargos exercidos, destacam-se os seguintes: ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio (1920-1922), professor do Instituto de Altos Estudos Diplomáticos de Bruxelas (1932) e ministro plenipotenciário em Berlim (1933-1940).

Veiga Simões integrou o grupo dos primeiros colaboradores da revista A Águia, publicando textos marcados pelo plasticismo impressionista e pelo sarcasmo. À excepção das prosas narrativas «Festas do Lar» (A Águia, n.º 5, 1 de Fevereiro de 1911) e do «Primeiro capítulo dum romance inédito» (idem, n.º 10, Julho de 1911), as suas colaborações na primeira série da revista são textos críticos sobre literatura e arte: «A estética de Tolstoi» (idem, n.º 2, 15 de Dezembro de 1910), «Débussy e o débussysmo», referindo o impressionismo musical (idem, n.º 6, 15 de Fevereiro de 1911), «O Idealismo de Rodin e de Carrière» (idem, n.º 7, 1 de Março de 1911). No artigo «Renascimento – profecia do futuro» (idem, n.º 4, 15 de Março de 1911), defende a «síntese estética» como ideal artístico que responde à aspiração humana à unidade e afirma que esta se representa em Portugal pelos autores congregados em A Águia e, mais tarde, ligados à Renascença Portuguesa e ao Saudosismo: «No nosso país, as manifestações artísticas que têm aparecido nos últimos dez anos, destituídas de espírito científico, todas procuram o mesmo ideal, todas têm como objectivo essa síntese estética para onde todas as actividades têm convergido. É ver como as obras de Teixeira de Pascoaes, António Correia de Oliveira, Afonso Lopes Vieira, João de Barros, e dos moços poetas Jaime Cortesão, Afonso Duarte, Augusto Casimiro, partindo de tantos e tão distantes pontos, se sentem atraídos na altura e demandam o mesmo fito.» (Ibidem) Em Maio de 1911, Veiga Simões publica «Notas sobre a criação artística», um artigo composto de «excertos do capítulo “A obra de arte e o artista” do livro A Nova Geração» (A Águia, n.º 9); este livro, publicado em 1911 (Coimbra), foi lido por Pessoa que o conservou na sua biblioteca.

Em 1912, na resposta ao Inquérito de Boavida Portugal, do diário lisboeta República (que decorreu entre Setembro e Dezembro de 1912), Veiga Simões critica a excessiva influência francesa na literatura portuguesa e afirma que A Águia tem o mérito de procurar interessar o país relativamente ao que lhe é próprio, considerando Teixeira de Pascoaes um profeta dos jovens. Declara também, talvez como reacção aos artigos de Pessoa em A Águia sobre «A Nova Poesia Portuguesa»: «Vêm-me dizer que este renascimento (chamemos-lhe então assim) começou na literatura, mas isso é de todos os tempos.» (Boavida Portugal, Inquérito Literário, Lisboa, 1915) Posteriormente, Veiga Simões entrou em ruptura com a vertente dominante de A Águia, a dos saudosistas, e aproximou-se de uma vertente ideológica mais positivista, também representada na revista por Raul Proença e António Sérgio, os dois intelectuais que, mais tarde e com Jaime Cortesão, fundarão a Seara Nova.

 

 

Bibl.: Lina Alves Madeira, Alberto da Veiga Simões – Esboço Biográfico, Coimbra: Quarteto, 2002.

 

Madalena Dine