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Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14-6 – 25
BNP/E3, 14-6 – 25
Fernando Pessoa
Identificação
[Sobre a composição literária]

[BNP/E3, 146 – 25]

 

In a few words, what has to do exclusively with the observing or with the remembering faculties of the mind is scient[if]ic; what has to do with these plus the deducing, reasoning faculties is scienti[fi]c-intellectual; what has to do with nothing of these but works with and form materials lying within the mind is intellectual; finally, what works from nothing, drawing its primary materials from nowhere – not even from itself – is imaginative.

A scienti[fi]c work has for basis the unoriginal or observed information which it is proposed to convey. An intellectual composition has for basis an intellectual problem and its resolution, a tissue of reasoning or anything of the kind. An imaginative work has for its

 

[25v]

 

basis the {…}

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The writing in verse, the exuberant colouring depend not on expression alone or on exuberance but primarily on the temperament of the author. A poet writes verse because he is a poet – because possesses a certain organization called a poet’s for which verse is the natural expression – he is not a poet because he writes verse.

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In every literary composition there are 3 parts to distinguish: the feeling, the colour and the form. The feeling, or, better, the basis of the work, depends on the writer’s abilities and capacities. The colour depends on the exuberance or inexuberance of his aesthetic and refining faculties. The form depends on his tendency to expression, for it may be verse or it may be prose. Both colour and form indeed, that is, aesthetic exuberance and literary general expression will be in relation to the feeling for a mental organization bears in itself the exuberance and the tendency to expression in this way or in that.

 

 

[BNP/E3, 146 - 25]

 

Em poucas palavras, o que tem a ver exclusivamente com as faculdades de observação ou de recordação da mente é científico; o que tem a ver com isso, mais as faculdades de dedução e raciocínio, é científico-intelectual; o que não tem a ver com nada disso além de trabalhar e formar materiais que se encontram dentro da mente é intelectual; por fim, o que trabalha a partir do nada, extraindo os seus materiais primários do nada – nem mesmo de si mesmo – é imaginativo.

Um trabalho científico tem por base a informação não original ou observada que se propõe transmitir. Uma composição intelectual tem por base um problema intelectual e a sua resolução, um tecido de raciocínio ou qualquer coisa do género. Uma obra imaginativa tem na sua 

 

[25v]

 

base o {…}

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A escrita em verso, o colorido exuberante não dependem apenas da expressão ou da exuberância, mas principalmente do temperamento do autor. Um poeta escreve versos porque é poeta – porque possui uma certa organização chamada de poeta para a qual o verso é a expressão natural – não é poeta porque escreve versos.

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Em cada composição literária há 3 partes a distinguir: o sentimento, a cor e a forma. O sentimento, ou melhor, a base da obra, depende das habilidades e capacidades do escritor. A cor depende da exuberância ou inexuberância de suas faculdades estéticas e refinadas. A forma depende de sua tendência para a expressão, pois pode ser verso ou pode ser prosa. Tanto a cor quanto a forma sem dúvida, ou seja, a exuberância estética e a expressão geral literária estarão em relação ao sentimento, pois uma organização mental traz em si a exuberância e a tendência à expressão desta ou daquela maneira.

 

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Classificação
Dados Físicos
Dados de produção
Inglês
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Fernando Pessoa, Sobre o Conto de Imaginação, edição de Nuno Ribeiro & Cláudia Souza, Lisboa, Apenas Livros, 2022, pp. 23-24.