Arquivo virtual da Geração de Orpheu

Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14-2 – 94
BNP/E3, 14-2 – 94
Fernando Pessoa
Identificação
[Sobre António Ferro]

[BNP/E3, 142 – 94]

 

Este livro é a coisa intelectualmente mais abjecta que tem até hoje produzido uma criatura incapaz de o fazer. Conhecemos António Ferro há muito tempo, e antigamente ele dava promessa de qualidades, pelo processo mais seguro de se dar promessa de uma coisa – tê-la já. Desde então, à parte a salvação de algumas quebras, tem sido um caminhar rápido para A Amadora de Fenómenos.

Este livro é o máximo do mínimo. Não evoca o Orpheu: invoca Morfeu.

 

Não sabemos, afinal, se devemos escrever ou não esta crítica já escrita. Se o António Ferro verdadeiro é este, não há crítica que fazer, pois para isto é que se fez[1] o silêncio. Mas se o António Ferro verdadeiro é {…}, então é um dever de amigo o apontar-lhe que o nº 1 do art. {…} do Decreto de 11 de Maio de 1911 permite um indivíduo requerer o seu próprio internamento em manicómio, e, como a imbecilidade é uma espécie nosográfica, e se pode ser internado por imbecil {…}. Não sabemos qual das coisas é certa. Na dúvida, aí ficam a crítica e a dúvida.

 

 

 

[1] fez /inventou\

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4335
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Pauly Ellen Bothe, Apreciações literárias de Fernando Pessoa, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2013, pp. 112-113.