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Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14-1 – 88
BNP/E3, 14-1 – 88
Fernando Pessoa
Identificação
[Sobre a nova poesia portuguesa]

[BNP/E3, 141 – 88]

 

VII.

 

A obra filosófica não é substancialmente representativa.

 

= Ao passar à análise da filosofia dos dois grandes períodos literários da Europa e perscrutação de qual a linha evolutiva dessa filosofia, importa, antes de tudo, distinguir entre a “filosofia” pensamento individual e a “filosofia” sentimento colectivo, ou sentimento poético.

 

Um poeta verdadeiramente poeta pode ler Platão à vontade que, se o seu temperamento não é já de nascença platonesco, nada tirará da obra de Platão a não ser alguns versos sem vibração por puramente intelectuais – e isto mesmo que, filosoficamente seja um platonista. A poesia da emoção, não do pensamento, ainda que através do pensamento.

 

Um país caracteristicamente materialista pode produzir um grande filósofo espiritualista; o que nunca produzirá é um grande poeta espiritualista.

 

Para Antero a filosofia alemã foi um elemento de cultura, tanto mais buscado quanto o pensamento transcendentalista alemão se casava com o sentimento transcendentalista de Antero, porque da sua raça

 

[88v]

 

da raça a que ele pertence.

 

Apontamentos manuscritos preparatórios da secção «VII» do testemunho impresso publicado por Fernando Pessoa com o título: «A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico», in A Águia, 2ª série, nos 9, 11, 12, Porto, Setembro, Novembro, Dezembro de 1912, pp. 86-94, 153-157, 188-192.

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4248
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada