Arquivo virtual da Geração de Orpheu

Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14-1 – 33; 37
BNP/E3, 14-1 – 33; 37
Fernando Pessoa
Identificação
[Sobre literatura portuguesa]

[BNP/E3, 141 – 33; 37]

 

Eça de Queirós – Europa em pseudo-escabeche. Camilo – brasão literário que um brasileiro comprou[1]. Camões – grande e cego de um olho, mesmo na alma – ó grande símbolo apanhado em África! Gomes Leal – víbora cristã. Cesário – Rocio ao entardecer… Que pouco que isso tudo pesa na balança das almas prateadas!

É por isso que o céu anteriano se comove de estrelas! É por isso que a noite de {…} se entretece de nuvens!

 

O grande e unânime Vicente Guedes que a morte ceifou {…}

 

[37r]

 

Eugénio de Castro – Apolo castrado[2], mas Apolo.

Antero – uma grande noite sublime, mas – para quê! – sem estrelas.

Junqueiro – um Moisés cego. Pascoaes – uma águia triste. Mário Beirão – um anjo comedido. D’Annunzio – calvície precoce, valete de copas em {…}.[3]

Anatole France – o século XVII em automóvel.

Fialho – puxava bem a carroça do estilo.

|Barrès – uma mulher chamada Maurício.|

Influências estrangeiras – para quê? Quais elas? Que desprezíveis!

Lisboa, único Portugal… O Porto – vila daquém Galiza, Coimbra – a |sórdida|, paisagem onde {…}, vagas casas, vagas vilas, nada… Só Lisboa, hoje de Portugal na Europa. Paris das descobertas. 

 

 

[1] brasão literário que um brasileiro comprou /um |bastardo| de Deus e da imperfeição\

[2] castrado /coxo\

[3] valete de copas em {…}. /o canto de surdina\

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4222
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Fernando Pessoa, Obra completa de Álvaro de Campos, Edição de Jerónimo Pizarro e Antonio Cardiello, Lisboa, Tinta-da-China, 2014, pp. 674-675.