Arquivo virtual da Geração de Orpheu

Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14C – 75
BNP/E3, 14C – 75
Fernando Pessoa
Identificação
[Sobre Anatole France]

[BNP/E3, 14C – 75]

 

O que distingue um Anatole France “é”, na transparência plácida do estilo, a pobreza seca[1] da invenção. A sua ironia é a de quem via as várias faces dos vários destinos e os reconheceu iguais e fúteis. O sinal dos mestres é, por isso, que reconhecem a futilidade dos destinos depois de lhes terem estado na alma.

Têm por isso, ainda que velada, a angústia cuja falta na ironia menor retira dela a substância espiritual.

_______

Todo homem incapaz de escrever um conto policiário é indigno da presença concedida ainda dos deuses da sagrada |era|.

 

[75v]

 

 Equivale isto a dizer que Anatole France não era poeta. Foi-o, apologista, como foi socialista – para demonstração irreprimível da sua íntima fraqueza. Não conseguiu dominar os impulsos da sua impotência.

 

O papel da inteligência é enxovalhar a realidade.

 

 

 

[1] a /uma\ pobreza seca /avara\

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/3230
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Pauly Ellen Bothe, Apreciações literárias de Fernando Pessoa, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2013, p. 121-122; 414.