Arquivo virtual da Geração de Orpheu

Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14C – 52-52a
BNP/E3, 14C – 52-52a
Fernando Pessoa
Identificação
[Sobre Molière]

[BNP/E3, 14C – 52-52a]

 

Vou analisar rapidamente as 3 peças. No Avarento Molière quer dar o tipo do avarento. Assunto não é original (Plauto. Aulularia) – {…} tipo do avarento da antiguidade ††. Para nós o avarento é o Harpagon de Molière – Avarento um homem como os outros. Gosta de fortuna. Podemos fazê-lo enamorado; para ser agradável dá um banquete em honra dela. Mas o desejo de ser agradável e a sua sovinice estão em desacordo. Determina ao cozinheiro o menu, discute com o cozinheiro prato a prato. Cada acessório é como quem arranca um dente. Avarento é velho; noiva é nova. A noiva é pobre; o avarento tem um filho e uma filha (22 anos). Filho há de casar com uma matrona, a filha com um velho.

 

[52v]

 

Cómico de Molière não de palavra, não é piada; é das situações, dos contrastes, das oposições de situações.

O Hipócrita – Tartufo – exemplificação: Molière pretende tornar ridículo um vício da moda. Onde irá Molière buscar o modelo? Como é um vício de todos os tempos, de todas as classes – teria apenas a dificuldade da escolha. Molière precisa um hipócrita que antes do trabalho do artista já apresentasse um certo relevo. Isto é o beato – o religioso – Pode também ser sensual. Este indo a entrar em casa de um homem que o supõe virtuoso. Um bom burguês veio con-

 

[52ar]

 

fialh-o os seus maiores segredos: quer casá-lo com sua própria filha. Este indivíduo quer seduzir a mulher do seu bem feitor.

 

O Misantropo – o processo é o mesmo.

Para a |*cena| seguinte {…}

 

[52av]

 1.Identity of Contraries

a) Absolute.

b) Relative.[1]

 

Francês.

 

[1] 1. Identidade dos Contrários

  1. a) Absoluta.
  2. b) Relativa.
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/3210
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Pauly Ellen Bothe, Apreciações literárias de Fernando Pessoa, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2013, p. 188-189; 458.