Arquivo virtual da Geração de Orpheu

Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14C – 5-6
BNP/E3, 14C – 5-6
Fernando Pessoa
Identificação
[Sobre Afonso Duarte]

[BNP/E3, 14C – 5-6]

 

Comprei há dias os 7 Poemas Líricos de Afonso Duarte.

 

É, mesmo admirável selvagem, incompleto, puro, com aquela grande frescura larga das evocações |sem colarinho|. Que admirável selvagem {…}? Em tudo quanto é arte, excepto a arte de a exceder, e tem um grande céu[1] {…} por propriedade.

Se ri esse incivilizado, dele, de parte da sensível alma, com abraço muito vulgar e humano – e de tal força que lhe comprime o coração.

 

{…} esse metafísico da selvageria.

 

[6r]

 

Que estupor de espontaneidade! Aquilo é, efectivamente um correr de água ao sol, e o autor da correria disso é apaixonadamente gente. Fala como se fora ou rochedo ou uma margem, com o classicismo essencial das coisas |boas| que existem.

 

_______

Ainda bem que o meu abraço lhe chega. Renovando-o claramente esta {…}

 

[6v]

 

Como sou entrevada, vivo a[2] estar ao pé da janela para viver. Se a janela que eu tenho para viver é torpe a outra gente que não tem anda comigo, e anda na sua {…}

 

Como uma grande alma pode ser ninguém!

_______

Eu sou solteira de nascimento e triste depois. Passo noites a pensar em quem me poderia amar e não encontro ninguém nem na imaginação.

_______

Não há asilo da |mendicidade| para velhos menores?

 

 

Notas

 

[1] exceder /se extraviar nela\, e tem um grande céu proprietário \ /ruralmente de um grande céu,\

[2] vivo a /tenho que\

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/3174
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada
Publicação parcial: Pauly Ellen Bothe, Apreciações literárias de Fernando Pessoa, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2013, p. 111.