Jornal dactilografado por Fernando Pessoa, de que existem, inéditos, no seu espólio, três exemplares: nº 1, quarta-feira, 14 de Abril de 1909; nº 2, do dia seguinte; nº 3, de sábado, 17 de Abril do mesmo ano. Subintitulado como «jornal radical», tem a particularidade de mostrar a faceta humorística e ainda adolescente de Pessoa que, tendo nesta altura perto de vinte e um anos, se entretém ou gasta muito do seu tempo numa brincadeira, aparentemente, inócua. Parecem ser seus «cúmplices» Mário Nogueira Freitas e Raul Costa, respectivamente filho e genro da tia Anica, citados várias vezes como «serpistas», isto é, adversários políticos do partido «ferreirista», alvo dos ataques do jornal e que endereçam cartas (escritas pelos próprios?) ao jornal. Incluem-se nos três números relatos, em tom sempre jocoso, das sessões do Parlamento, com referências ao sr. Ferreira, chefe do partido do governo, e a Armando Couto (provavelmente pessoas das relações profissionais de Pessoa na época) e notícias várias, todas de carácter político. No nº 3, anuncia-se o aparecimento de um novo periódico, A Civilização, órgão do partido ferreirista, «jornal em miniatura, porque o seu chefe não passa de uma miniatura!» (E3 87-1 a 6).

 

 

Manuela Parreira da Silva