(1884-1923)
Vai para Paris em 1905, onde passará nove anos a estudar pintura, e onde chega a expor. Lá se torna amigo de Santa Rita Pintor, que o há-de introduzir no círculo de Orpheu. Regressado a Lisboa, como tiveram que fazer outros portugueses então em Paris, por exemplo Sá-Carneiro, por causa da Guerra, é anunciada no Orpheu 2, no contexto duma «longa série de conferências de afirmação», uma de sua autoria intitulada A Arte e a Heráldica. Outro contacto directo com o grupo, depois disso, marca a publicação de desenhos seus na Contemporânea. No entanto, apesar de uma fase de traço que pode ser dita modernista, reduzindo formas complexas a linhas simples e criando ambientes carregados ao modo expressionista, a sua arte é devedora de uma tradição relativamente académica. Expôs no Salon de Paris de 1911 um quadro inspirado com felicidade em Manet, mas que em 1919 foi mostrado na SNBA de Lisboa e recebeu críticas negativas. A morte deste pintor foi lamentada por Almada Negreiros num artigo do Diário de Lisboa (de 8-6-1923) em termos que fazem lembrar a própria história do articulista: «Precisamente quando os lucros do seu entendimento iam já a tomar a forma de realização, e depois de atravessadas as passagens tormentosas, nas véperas de atingir a outra margem onde fica a clareza e a segurança, veio o Destino invisível, intruso e fatal».
Fernando Cabral Martins