Nascido no Rio de Janeiro, foi professor de Estudos Brasileiros da Faculdade de Letras de Lisboa. Dirigiu, com João de Barros, a revista Arte & Vida (1904-1906). Autor de vasta obra literária e ensaística, publicou, entre outros livros, A Única Verdade (1904), Evanidade (1914), As Mãos da Vida (1918), Para Onde Vais, Maria? (1922), Danças e Bailados (1924), tendo exercido uma extensa actividade como crítico de arte em jornais portugueses e brasileiros. É esta sua faceta, mas também o seu estilo anti-moderno, que o tornam alvo de uma violenta crítica de Fernando Pessoa, num artigo de Teatro – Revista de crítica, nº 2, de 8 de Março de 1913. No artigo, ironicamente intitulado «Coisas estilísticas que aconteceram a um gomil cinzelado, que se dizia ter sido batido no céu em tempos da velha fábula, por um deus amoroso», numa clara alusão ao título do livro O Gomil dos Noivados, objecto da recensão, o autor é apodado de «crítico de segunda ordem» que, «levado pelo que deve ser vaidade, pelo seu imperfeito senso crítico (...) se meteu, intelectualmente, no leito de Procustes de romancear, donde saíu sem pés nem cabeça» e o seu estilo equiparado a um «corno». É, de resto, aconselhado a não tentar «tocar rabecão», a deixar o romance aos romancistas e a mandar «ao diabo os Joões de Barros e Joaquins Mansos e todo o resto da coterie de entre-porta-e-porta da Livraria Ferreira». Aos olhos de F. Pessoa e do seu grupo, e conforme se lê numa sua carta a Álvaro Pinto, de 7-3- 1913, o visado, tal como João de Barros, Joaquim Manso ou Afonso Lopes Vieira, fazem, de facto, parte de uma «mera e reles coterie» que lhe(s) faz «uma guerra esquerda e assolapada». Por isso, urge, na sua opinião, «atacá-los pela troça, que é ataque que eles não esperam e a que não estão acostumados», anunciando Pessoa, na mesma carta, ir em breve «romper fogo contra o Manuel Sousa Pinto».
Manuela Parreira da Silva