(1912 – 2005)

Advogado em Setúbal e Lisboa, foi, entre os que de perto conviveram com Pessoa, um dos poucos que pôde testemunhar em escritos e entrevistas esse convívio. Dedicou-lhe, mesmo, algumas conferências e páginas evocativas, reunidas sob o título de Fernando Pessoa no Cinquentenário da sua Morte (Coimbra Editora, 1985). Luís Pedro, que era filho de um dos patrões do poeta, Carlos E. Moitinho de Almeida, publicou, em 1932, um livro de poemas, Acrónios, com um prefácio de Fernando Pessoa. Neste prefácio, mais do que discorrer sobre o «verso puramente rítmico» do autor do livro, o poeta aproveita para explanar as suas ideias sobre os vários estádios da poesia, não deixando de chamar a atenção, a quem lhe pedira algumas considerações e a todos os «que se esqueceram de [lhas] pedir», para o facto de que «a poesia rítmica nem disciplina a inteligência nem a emoção, a não ser que estas estejam disciplinadas em, e por, si mesmas», o que pode dar azo a «grandes e desmedidas distorções» (Crítica,p.472). Existe ainda uma carta deste, datada de 9-11-1931, em que aconselha o jovem candidato a poeta a que publique os poemas em português que «formam um pequeno volume interessante» e deixe de lado os poemas em francês que, a seu ver, não formam «coisa nenhuma», acrescentando: «Nunca se deve escrever – entendendo-se por “escrever” o “escrever literariamente” – em uma língua que se não possua de dentro, isto é, com pensamentos formados organicamente nela» (Correspondência, II, p.244).