(1900-1964)

Jornalista e ensaísta, foi redactor principal da revista Descobrimento, dirigida por seu irmão, João de Castro Osório (amigo de Pessoa, provavelmente desde os tempos da militância sidonista de ambos), colaborando também na Seara Nova, O Mundo Português, Colóquio e Claridade. Da sua bibliografia, destacam-se as obras dedicadas à literatura e cultura africanas: Poesia de Cabo Verde (1944), Literatura Africana, antologia (1944), Contribuição Portuguesa para o Conhecimento da Alma Negra (1952), Uma Acção Cultural em África (1954), As Ilhas Portuguesas de Cabo Verde (1955). Da sua relação com F. Pessoa, dão testemunho duas cartas conhecidas que deste recebeu, em 1932. A primeira, de 14 de Maio, faz referência à intenção (mais tarde frustrada) de fazer um artigo sobre Goëthe que Osório de Oliveira lhe pedira para a Descobrimento, cujo último número desse ano viria a prestar, realmente, homenagem ao poeta alemão. A segunda constitui a resposta à pergunta (de um inquérito, feito junto de alguns escritores, por instância de António Sérgio, mas à qual só Pessoa respondeu desenvolvidamente): «Quais foram os livros que o banharam numa mais intensa atmosfera de energia moral, de generosidade, de grandeza de alma, de idealismo?». Pessoa responde, mencionando os Pickwick Papers de Charles Dickens, como «um livro supremo e envolvente» da sua infância e primeira adolescência; as obras de Shakespeare, Milton e Shelley, que inspiraram a sua segunda adolescência; os filósofos gregos e alemães, e a Dégénérescence de Max Nordau, leituras importantes na sua terceira adolescência, em Lisboa. Esta carta foi publicada, pela primeira vez, no suplemento literário do Diário de Lisboa, em 29-5-1936.

 

Manuela Parreira da Silva