Filho de Francisco Manuel Homem Cristo – o fundador, em 1882, de O Povo de Aveiro, jornal onde se revelou como grande polemista e crítico de monárquicos e republicanos – que, como ele, foi jornalista, revelou-se um irrequieto seguidor das ideias anarquistas, ainda antes da implantação da República, chegando por isso a estar sujeito a vigilância policial e a fugir para o Brasil. Depois de 1910, aderiu, no entanto, à causa monárquica, tendo que emigrar para França, onde viria a gozar de grande prestígio. Isso mesmo é assinalado por Sá-Carneiro que, numa carta para Pessoa (24-12-1925), relata, nestes termos, uma visita que lhe fez em Paris: «Em cilada, saí do ascensor para uma “reunião”. Vários lepidópteros internacionais: um advogado belga, um funcionário do ministério dos negócios estrangeiros, um poeta russo (…), um escritor brasileiro, etc., etc. Mais uma vez Orfeu mundial, pois o H. Cristo contou à assistência o barulho da revista, fez circular o nº 1 (único que tem) etc. Como sempre o H. C. vive em casa atapetada, com telefone, chauffage central, telefone e cigarros de luxo (…) Tive na mão uma carta do Barrès a ele dirigida em que lhe agradece qualquer artiguelho (…). Mas ergue-se na verdade em Europa esta figura do H. C. filho, nascido em Aveiro!...». Em 1914, fundou o jornal A Restauração e depois A Ideia Nacional*. Em francês, publicou também alguns trabalhos, como Le Portugal contre l’Allemagne (1918), Le Cinema des Jours (1918), Les Porte-Flambeaux (1920). Em 1926, já um nacionalista e contra-revolucionário convicto, fixa-se em Portugal, fundando nesse ano outro periódico, Informação. Com o advento do fascismo, Homem Cristo tornara-se um grande admirador e amigo pessoal de Mussolini, tendo publicado, em 1923, uma obra traduzida em várias línguas, Mussolini batîsseur de l’Avenir. A sua morte, ocorrida em Roma, levou a que o próprio Mussolini lhe decretasse um funeral digno de figura de Estado.
Manuela Parreira da Silva