Jornal publicado em Faro onde, de 5 de Novembro de 1916 a 26 de Agosto de 1917 é publicada a secção «Gente Nova» que acolhe um grupo de jovens vanguardistas que rapidamente irão aderir à estética do Futurismo. Os seus modelos são Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro e o Fernando Pessoa-Álvaro de Campos, que inspiram um dos mais interessantes conjuntos de textos vanguardistas publicados fora das grandes revistas lisboetas do modernismo. Dois nomes se destacam: Carlos Porfírio, que em 1917 surgirá como director do «Portugal futurista», assinando em «O Heraldo» os seus textos sob o pseudónimo Nesso, e Mário Lyster Franco, filho do pintor Carlos Lyster Franco, director do jornal, que também aí publica poemas sob o pseudónimo Kernok. A importância deste suplemento será reconhecida pelos próprios Almada e Pessoa, que na revista irão publicar «A casa branca nau preta» (Pessoa) e «Litoral» (Almada), para além, de poemas de Sá-Carneiro («Dispersão» e «Arte-Luz»). É também por este suplemento que ficamos a tomar conhecimento de um «Comité Futurista de Lisboa», constituído por Almada e Santa-Rita Pintor, que em 15 de Agosto de 1917 dirige uma carta ao director do jornal felicitando-o pela publicação do suplemento já com o nome «Futurismo». Dois meses antes, em Maio, tivera lugar uma Exposição de Arte futurista em Faro. Característica do suplemento é a colaboração ser assinada, na sua grande maioria, por pseudónimos.
Nuno Júdice