Editor inglês, responsável pela The Poetry Bookshop, a quem Pessoa escreve em 1915, enviando um exemplar de Orpheu. O móbil da carta (de que existem dois rascunhos) não terá sido, no entanto, apenas o da divulgação da revista. O poeta pretende colocar à apreciação de Monro alguns poemas da sua autoria, traduzidos para inglês, de que cita «Chuva Oblíqua», com vista a uma possível publicação em «plaquette», à semelhança de outras que o próprio Monro costuma editar. Pessoa menciona mesmo dois exemplos: uma edição de poesia de Richard Aldington, Images, e outra de F. S. Flint, Cadences (ambas existentes na sua biblioteca da Casa Fernando Pessoa). A carta de Pessoa vale, sobretudo, pelas observações que tece a propósito do interseccionismo que, segundo diz, não designa uma escola ou corrente, mas é a «mera definição do processo», isto é, uma forma de «registar, em intersecção, a simultaneidade mental de uma imagem objectiva e subjectiva, tal como o quarto onde o sonhador está e as imagens que o seu sonho contém» (Correspondência, I, p.194).
Manuela Parreira da Silva