Em Durban, Fernando Pessoa assinava F. A. Pessôa. Assim aparece, de facto, à maneira inglesa na sua primeira publicação, a do ensaio sobre Macaulay de 1904. Depois, quando começa a aparecer na imprensa em 1912, a forma do nome é já Fernando Pessôa. A alteração final ocorre por altura da preparação do malogrado Orpheu 3. Escreve então ao amigo Côrtes-Rodrigues numa carta de 4 de Setembro de 1916: «vou fazer uma grande alteração na minha vida: vou tirar o acento circunflexo do meu apelido. Como […] vou publicar umas coisas em inglês, acho melhor desadaptar-me do inútil, que prejudica o nome cosmopolitamente» (C I 220). Essas «coisas em ingês», previstas para Orpheu 3, saem apenas em 1918 e 1921, mas a motivação da mudança é transparente.

Os acertos de grafia repetem-se para Almada Negreiros e Santa Rita, que hão-de usar hífens no nome mas os hão-de tirar. Já Sá-Carneiro coloca um hífen, logo na sua primeira publicação em livro em 1910. Por outro lado, o nome de José Pacheko prescinde da sua originalidade ortográfica por altura da muito cuidada Contemporânea, sinal que é de um momento mais cordato da linha de sucessão do que se chamaria Modernismo.

 

 

Fernando Cabral Martins