Revista com 26 números publicados em Lisboa em 1930 e 1931, dirigida por Erico Braga. Tem por subtítulo Semanário de Todos os Espectáculos, e recebe colaboração de muitos modernistas, como António Ferro e Fernanda de Castro, Augusto Ferreira-Gomes, Castelo de Moraes ou Carlos Queirós, e ainda de artistas ligados ao cinema como Leitão de Barros ou António Lopes Ribeiro. Logo no primeiro número vem uma longa entrevista com Pessoa – não assinada, mas que deve ter tido a sua colaboração escrita – sobre o célebre caso da encenação de suicídio na Boca do Inferno, no Estoril, do mago Aleister Crowley. É o segundo texto publicado em 1930 em que Pessoa trata esse acontecimento e essa figura, numa espécie de verificação experimental dos poderes mistificatórios da palavra ou, se preferirmos, no processo de um divertimento policiário de que o mago inglês se torna uma personagem.
Num artigo publicado por António Ferro a 14 de Abril de 1931, há uma curiosa figuração do herói moderno enquanto cosmopolita: «Maurice é um tipo-símbolo, a soma de muitas parcelas: dandismo do faubourg, perfume de boîte-à-chansons, sabor de garçonnière, passos da Broadway, sugestão cinegráfica no claro-escuro do chapéu de palha e no negro do “smoking”, graça enfant terrible e máscara de Bébé Cadum, Place Pigalle e Picadilly Circus, ginástica das oito às nove e amor das cinco às sete (…)».
Fernando Cabral Martins