Personalidade literária inventada por Pessoa. O nome deixa entender um parentesco com Ricardo Reis, dentro de uma linha de geminação muito comum no universo pessoano. Frederico, ensaísta, é, por assim dizer, um complemento de Ricardo, poeta. Sobre ele, no entanto, pouco Pessoa nos deixou. Ainda assim, existe um rascunho de difícil leitura, com o título de «Crítica de F. P. a F. Reis», artigo destinado à abortada revista Europa (anterior a Orpheu). Nele, Frederico Reis é apodado de «brilhante, combativo e lúcido», de «uma lucidez intermitente, um entusiasmo excessivo». F Reis, que «vive lá fora», diz  Pessoa, não faz, talvez por isso, «justiça ao Saudosismo» e o seu estilo é «a afirmação de um crítico» (Pessoa por Conhecer, I, p.124). Caber-lhe-ia, por isso, o papel de dar a conhecer no estrangeiro o modernismo português. Frederico Reis escreve sobre a obra do irmão (ou primo) Ricardo Reis, num texto sem data, presumivelmente de 1915, publicado pela primeira em Páginas Íntimas e de Auto-interprestação, por Georg Lind e Jacinto do Prado Coelho. Aí, o crítico explana, de certo modo, a doutrina ricardiana, alicerçada na ideia de que «o homem deve procurar sobretudo a calma, a tranquilidade, abstendo-se do esforço e da actividade útil». Segundo F. Reis, a filosofia da obra de Ricardo Reis «resume-se num epicurismo triste» e «é um esforço lúcido e disciplinado para obter uma calma qualquer». Alude ainda a Alberto Caeiro, cuja ideia «puramente poética» acerca do Menino Jesus, como «o deus que faltava», teria inspirado a «crença real e verdadeira nos deuses da Grécia antiga, admitindo Cristo (...) como um deus a mais» de que Ricardo Reis dá provas.

 

 

Manuela Parreira da Silva