(1900-1988)

Poeta, romancista e ensaísta católico, como se afirmava, estreia-se na literatura com o livro de sonetos , de 1920, a que se seguiu Verbo Austero, de 1924, também de sonetos, e, em 1933, Algemas de Ouro, com o subtítulo, odes modernas, numa clara filiação anteriana. Embora mencionado por Fernando Pessoa como sendo um dos promissores poetas, a par de Marta Mesquita da Câmara («A Poesia Nova em Portugal», 1935; 1966: 364), a sua poesia denota uma tendência neo-clássica de conservadorismo reaccionário à mudança modernista. Nalguns dos seus textos doutrinários, sobretudo nos prefácios, condena as correntes modernas que apelida, depreciativamente, de «cubístico-futuristas», declarando-se incompatível com a «epidemia». Dez anos depois de ter publicado o último livro de poesia, publica o primeiro de uma longa série romances, A Garça e a Serpente, galardoado com o prémio Eça de Queirós, que em 1952 adaptará para o filme de Artur Duarte. O moralismo que norteia o estudo psicológico da burguesia urbana mantêm-se em toda a sua escrita romanesca que pretendia «forte e pura», de que se destacam os que organizou nos trípticos «Vida Portuguesa» (A Garça e a Serpente, 1943, Primavera Cinzenta, 1944, Revolta do Sangue, 1946) e «Em Busca do Amor Perdido» (Acorde Imperfeito, 1953, Nocturno Agitado, 1954, Cântico em Tom Maior, 1954). As sua teoria estética pode encontrar-se definida nas séries de Diálogos «Estéticos» e «Morais». A vocação mística levou-o a terminar todos os romances com o lema Deo quae a Deo!

 

José Camões