Magazine mensal dirigido e editado por Judith Teixeira – poetiza de Decadência que, a par de António Botto e Raul Leal, viu o seu livro «imoral» apreendido e queimado pelo Governo Civil da capital em Março de 1923 – que se publica em Lisboa nos meses de Abril, Maio e Junho de 1925. Europa constitui um caso ímpar de afirmação feminina no quadro dos anos vinte portugueses situando-se entre as raras publicações periódicas dirigidas por mulheres – de que são exemplos Lusitânia (1924-1927) e Sociedade Futura (1902-1904). Europa apresenta secções de cinema, teatro, desporto, moda, tauromaquia, divulgação científica e artística, recensões de livros – nomeadamente, do Pierrot e Arlequim de Almada Negreiros – e alguma colaboração literária, que vai da literatura fantástica e policial à produção de Florbela Espanca (Charneca em flor), Américo Durão (Sonetos para a ausente) ou Aquilino Ribeiro (excerto de Filhas de Babilónia). Profusamente ilustrada a revista apresenta desenhos da autoria de, entre outros, Eduardo Malta, Jorge Barradas e Bernardo Marques – sendo as capas da autoria dos dois últimos – e fotografias de José Van-Zeller Palha, Mário Novais, Rocha Vieira e Serra Ribeiro. Revista ecléctica, dirigida a públicos vários e abrangendo diversas áreas do saber, Europa, como o seu nome indica, assume-se como publicação cosmopolita interessada na actualidade portuguesa e internacional. Assim, destaca não só o primeiro Salão de Outono, a Exposição de Amadeo em Paris, a arquitectura de José Pacheco e Carlos Ramos, o «Teatro Novo» de António Ferro ou as criações do bailarino Florêncio, mas igualmente, o manifesto do Groupe Vouloir, a Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas de Paris, a cinematografia moderna, ou O Teatro d’Arte de Luigi Pirandello.
PIRES, Daniel, Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900 - 1940), Lisboa, Grifo, 1996; TEIXEIRA, Judith, Poemas, Lisboa, & etc, 1996.
Sara Afonso Ferreira