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Fernando Pessoa - Literary Theory

This digital edition of texts by Fernando Pessoa deals with the set of poetic theorizing writings from hisArchive and brings together essays, comments, notes, sketches and fragments about literature from the Portuguese author. The documents transcribed are in Fernando Pessoa’s Archive in the custody of the National Library of Portugal, with quota E3. All facsimiles are accompanied by a critical lesson and a paleographic transcription, which is available for download in the “PDF” field.

 

 

Medium
Fernando Pessoa
BNP/E3, 14-2 – 64-68
BNP/E3, 14-2 – 64-68
Fernando Pessoa
Identificação
O império

[BNP/E3, 142 – 64-68]

 

O império

O conflito linguista do futuro maior

 

Como hoje ninguém vai estudar norueguês para ler Ibsen, no futuro maior ninguém estudará espanhol para ler Cervantes – lê-lo-á em uma tradução italiana, ou inglesa, ou em qualquer outra língua (supondo que o espanhol, como é provável, não vingue imortalmente) que tenha atingido, por um dos seus cultores, a grandeza imperial.

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 Na filosofia, quanto mais abstracta a doutrina, mais fácil que persista. Quando a base é científica como em Spenser, a morte está no seio da doutrina.

 

[65r]

 

O crime da Reforma foi não reformar.

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As artes não-nacionais por “forma” e a sua diferença da literatura. Uma arte internacional é socialmente daninha nos seus efeitos ulteriores. A música predomina modernamente em parte pelo nosso crescimento cosmopolita [|de sentimentos|] {…}

 

[66r]

 

 

Educar tradutores, para absorver as literaturas estrangeiras.

É permitido alterar? Um problema estético. É preciso muita segurança para o poder fazer.

Aquela literatura que (1) cria obras de 1ª ordem, (2) reflicta em obras de 1ª ordem ou de “vulto” a vida das épocas, etc {…} perdurará.

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|O acto dos navegadores foi um acto simbólico; o reflexo no inferior do destino superior de Portugal. E o que o Bandarra viu foi o que fora prometido.|

 

[66v]

 

Os judeus são o princípio material, porque o seu domínio quer ser , , a força material, de pura bruteza.

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São dois os concorrentes europeus ao império futuro da europa presente. A Ingraterra (que tem Shakespeare e Milton) e a Itália, que tem Dante. Só estes 3 nomes pertencem ao trono imperial.

 

[67r]

 

A superioridade em obras de pensamento e de prosa é inferior à no verso, não só porque na verdade o é, senão também porque a absorção é fácil, porque a tradução, das primeiras é fácil, porque o estilo nelas não é nada, das 2as pouco difícil porque o ritmo não estorva com o do verso.

O ritmo do verso é que junge o leitor ao estudo da língua.

 

[67v]

 

Dos filósofos muitos ficarão apenas em resumo alheio: como muitos poetas e prosadores apenas em extracto e antologia.

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(Em 30/8/1921 cerca das 4.30 da madrugada, hora local)

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Este plano escusa de ser secreto, porque depende para ser exacto do aparecimento de um grande génio. Podem tentá-lo, na sua parte secundária, os tradutores, os países imperiais da Europa – a Itália e a Inglaterra.

 

[68r]

 

O caso da Holanda, esse é um caso de bárbaros.

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Roma venceu espiritualmente por um processo material – a expansão no espaço |puro|.

O império no tempo.

 

https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/4311
Classificação
Literatura
Dados Físicos
Dados de produção
30/8/1921
Português
Dados de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Palavras chave
Documentação Associada