Poeta e prosador, ensaísta e crítico, colabora em A Águia com textos decadentistas  a fazer lembrar Fialho de Almeida (de quem se considerava discípulo) e alguma prosa de Sá-Carneiro. O grupo de Orpheu adopta-o também no seu convívio literário, talvez por intermédio de Guilherme de Santa Rita, seu grande admirador. Numa carta para Pessoa (10-12-1912), Sá-Carneiro comenta o facto de Santa Rita Pintor não admirar mesmo mais ninguém da nova geração, a não ser Carlos Parreira, e cita a frase deste que mais o encanta: «…com momices de gata e apelos sujantes de cadela». Parreira retribuirá, poucos anos depois, este apreço, aquando da morte prematura de Santa Rita, publicando um opúsculo In memoriam (1919). Em 1915, Pessoa chega a pensar incluir produções suas no abortado n.º 3 da revista. Data desta altura, o seu mais celebrado livro de prosas, A Esmeralda de Nero (Rezas de Espuma e de Sarcasmo), publicado em 1915, mas recolhendo textos de 1908-1909, onde sobressai um marcado e, por vezes, rebuscado impressionismo. Em Bizâncio (1920) e Ex-Votos (1924), Parreira adere, de certa forma, ao Modernismo, mas, no dizer de Óscar Lopes, «o gosto de valorizar a figura viciosa ou perversa, a mistura do maior requinte com o mais sórdido grotesco, o exibicionismo estilístico e cultural» (1987: 604) denunciam a sua filiação decadentista.

De salientar ainda o título Mouzinho (Esboço para um Retrato Psicológico) e outros  trabalhos sobre militares que, na sua qualidade de funcionário colonial, realiza em 1936, para a colecção «Pelo Império».

 

 

BIBL.: Óscar Lopes, Entre Fialho e Nemésio, vol. II, Lisboa, IN-CM, 1987.

 

 

Manuela Parreira da Silva