Há o seguinte: ontem o Rui Coelho e o Dom Tomás lembraram-se de fazer uma sessão de música moderna sobre paulismo: poesias minhas, suas e do Guisado. Logo foi dito que antes da audição palavras deveriam ser pronunciadas. Até aqui vai muito bem. Agora suponha você que o menino idiota A. Ferro foi hoje dizer aos maestrinos citados que o paulismo, a sério, era o interseccionismo. Como raio o sabia ele?
Perguntei-lhe. Diz que ouviu você falar muitas vezes essa palavra ao Guisado. Não sei, não sei. Mas é uma contrariedade. Pois imagine você que o Rui e o D. Tomás agora já só falam no interseccionismo e o querem lançar no tal concerto – que bem sei, decerto nunca se realizará. É para falar sobre este assunto e ainda sobre uma carta Rui Coelho questão hino aos soldados recusado Luís Pereira – que eu escrevi o postal que remeto juntamente, a pedido e defronte dos maestrinos. Você apareça, se quiser. Acho mesmo muito melhor aparecer. Gostava, em suma que aparecesse. Mas já sabe o que há a respeito do interseccionismo.
Estuporinho do Ferro! Enfim eu mesmo desejo falar consigo sobre este assunto. Porque não aparece amanhã à tarde, aí pelas 5 h. 5 1/2 no Martinho? A qualquer pretexto, eu ficaria só com você e falaríamos. Senão, até amanhã à noite. Seja como for está prevenido. Claro que para os maestrinos eu só escrevi o postal e você nada mais sabe – nem do concertante.
Um grande abraço do seu muito grato.
Mário de Sá-Carneiro