Recebi hoje o seu mandado telegráfico que muito agradeço. Assim peço-lhe desculpa da minha última carta – pois que a demora na recepção foi apenas devida aos serviços postais desorganizados – e por forma alguma a descuidos da sua parte. Afinal – você sabe bem como as minhas decisões ondulam – mandei hoje um telegrama a dizer que ficava anulada a carta em que pedia dinheiro para me ir embora. Fico portanto em Paris até nova ordem... Sou maluco – não sou? De resto, nenhumas novidades. Isto duma insipidez infame; uma vida chata, provinciana (ó pasmo) bem pior do que a de Lisboa. Paris de província – e não Paris da guerra como eu escrevia outrora... Ao mesmo tempo o meu pai, de Lourenço Marques, escreve-me que as ruas lá são asfaltadas...
Agora uma coisa da maior importância – porque é que você se reduziu de súbito a um silêncio sepulcral? Desde o fim de Julho que não me escreve – e estamos a 20 de Agosto!
Francamente não percebo!...
Literatura – Mandei-lhe há três dias uns versos: «Taciturno». Recebeu? Esqueceu-me então de juntar esta sextilha sem importância que tinha feito antes: