Recebi ontem a sua longa e interessantíssima carta de 29 out. que de todo o coração agradeço. Foi um grande prazer, tanto mais que o seu silêncio ou o seu laconismo estenderam-se ultimamente tanto que principiava a lembrar-me se você, por qualquer motivo astral, estaria zangado comigo.
Ilusão perfeita – claro. Mas um grande júbilo a sua interessantíssima carta.
O sarilho do Orfeu-Rita desopilante a todas as bandeiras despregadas. Mestre Rita Chefe de nós. Ui! é de arrebentar! Curioso constatar isto: não podendo fazer sair o nosso Orfeu, nem armar-se em nosso chefe – Santa-Rita, renuncia à sua revista. Combine isto com o à viva força ele querer ser servilmente futurista – e não «ele-próprio»... Curioso, não é verdade! Novidades, nenhumas.
Ideia jornal com Pacheco aplaudo a mãos ruidosas. Mas, monetariamente, será possível? Oxalá... Claro que você publica de mim os versos que quiser. Disponha como se fossem produções suas. Óptimo pateada a Dantas publicamente-gente-do-Orfeu. Óptimo! – Nesta carta vão duas poesias. Eu não sei o que aquilo é ou vale. Pleno destrambelho. A desarticulação sarcástica da minha alma actual: esboçada já na «Serradura» e «Cinco Horas». Veja-me o que dá o meu horóscopo actualmente. Interessa-me imenso. Faça o possível por o examinar – e não tenha receio de me dizer o que ele acusará.
Peço-lhe isto muito: Não se esqueça. Escreva-me rapidamente, por amor de Deus. Detalhe assunto jornal que muito me interessa. Abrace por mim o Pacheco e diga-lhe que não se esqueça de responder à carta que ultimamente lhe escrevi. O Franco deve vir em licença por todo este mês conforme carta recebida hoje. Diga isto ao Pacheco e que ele está bem e lhe pede para avisar a tia.
Quanto aos meus versos: francamente diga-me se valem alguma coisa. Se assim for – e como creio que farei mais do género – farão uma parte dos Indícios com o título de «Colete-de-Forças» ou «Cabanon». Escreva! Adeus.
Mil abraços e toda a Alma do seu, seu