Recebi as suas cartas de 23 e 24. Muito interessante o negócio Seabra. Acho excelente ideia antologia sensacionista. Assim houvesse quem a editasse. Mas porque não, abrindo, uma «notícia» sobre a escola – calma e friamente, sem blague, feito? Não escrevo carta pois a minha crise continua. Tenho já três cartas escritas sobre ela mas que lhe não envio por um motivo de superstição. Você me desculpará portanto. O perturbador, o arrepiante é que o Mariano Santana teve razão – que eu tenho a preocupar-me a cabeça – além de tudo o mais – o que ele diz. De resto você já o terá adivinhado.
Hoje estou melhor – estou mais calmo, mais «adaptado» – é esta a verdade – à minha crise. Seja como for devo viver os últimos dias coloridos da minha vida. Tant pis... cada vez se me afigura mais provável, mais certa a minha partida para Lisboa – embora não tivesse ainda telegrafado ao meu Pai nesse sentido. Decerto que não me demoro aqui mais do que um mês. Suplico-lhe que me escreva muito. Neste momento as suas cartas são as minhas maiores alegrias. Escreva pois muito, muito.
Adeus. Mil abraços do seu