30 janeiro 1916

Agora já não estou só zangado meu querido amigo – estou inquieto. A sua falta de notícias prolonga-se de maneira tão extraordinária que receio que ela seja devida a qualquer contratempo – doenças. Queira Deus que não. Mas estou muito assustado. Se no próximo sábado não receber notícias suas telegrafo ao Vitoriano Braga a perguntar por você. Mas oxalá eu me engane. Ontem tivemos por cá os balõezinhos imperiais – num bairro que lhe não posso dizer, nem isso o interessa, mas – sossegue – muito longe do meu. Depois coisa sem importância para quem está acostumado às nossas revoluções e tumultos. Europa e intensidade, tudo isto, no fim de contas... Suplico-lhe que escreva.

Mil abraços do seu muito seu

Mário de Sá-Carneiro