Continuo a dizer, meu amigo, que as produções do Alvarozinho vão ser das coisas maiores do... Pessoa. Europa! Europa (revista) é que é preciso sobretudo! Pela minha parte tenho estado inactivo estes últimos dias. Conto ir trabalhando na «Grande Sombra», mas sem pressa alguma, para a ter concluída definitivamente apenas em Setembro.
Diversos assuntos – Escrevi hoje ao Guisado para a Galiza. Se porventura ele ainda não tiver partido, peço-lhe que o informe. Eu preferia é claro que o Mourão não soubesse o meu endereço para não me maçar com cartas e prefácios etc. No entanto – como para ele não é plausível que o meu Amigo ignore o meu endereço – diga-lho se não tiver outro remédio. Pelo mesmo correio segue a Comoedia de hoje. Vai sem cordel. Chegará? Você diga, apesar da pouca importância do caso. É verdade: se por acaso o Tavares já não quisesse comprar os Princípios, você negociava-os em outra casa, por qualquer preço. Bem, meu amigo, termino sem nada mais ter a dizer-lhe. Renovo-lhe todos os meus agradecimen- tos e, de joelhos, todos os meus perdões. Escreva sempre o mais possível – sim? Cada vez mais me orgulho e acarinho da sua amizade.
Adeus, Fernando Pessoa.
Um grande, grande abraço do
Mário de Sá-Carneiro (muito amigo e obrigado)
Pergunte ao Almada Negreiros se afinal não vem.
P. S. – Esqueci-me de dizer-lhe que nos excertos de hoje a passagem que mais me impressionou foi aquela: «Apanha-me do solo malmequer esquecido» e a parte aonde se refere ao Oriente dizendo que talvez ainda por lá exista Cristo. É uma passagem admirável esta – das tais «grifando sombra e além»
o Sá-Carneiro