Recebi hoje a sua carta de 11 que muito agradeço. Curioso que eu pensara já que você me diria não gostar do verso «seria grande estopada». Emendarei, porque estou de acordo perfeito consigo. Novidades nenhu- mas. Do Franco não sei mais nada. Muito obrigado por ter prevenido o Pacheco do que eu lhe pedia. Curioso o berbicacho da Luta. E o Pintor? Nunca mais o viu; não sabe mais nada? E Leal, Montalvor & C.ia Idem? Idem?
Recebi hoje uma carta do Pacheco – desolada como sempre, pela eterna questão das massas! Maldita coisa!
A propósito de massas: escrevi ontem (digo: antes de ontem) para a livraria, explicando que quero rece- ber o mais dinheiro possível no dia 1.o de Dezembro. Sobretudo veja-me se o Augusto acaba com a liquidação para eu saber com quanto dinheiro posso contar. Isto tem muita importância para mim. As massas, presentemente, também me preocupam bastante. Trate-me pois sem descanso destes assuntos, e perdoe-me. Outro pedido: veja-me no anuário comercial a morada do sr. António Pereira do Vale, oficial de marinha. É qualquer coisa como rua de Nossa Senhora à Graça, mas não sei o n.o Trata-se dum tio meu que vive com os meus avós da parte da minha mãe, gente de quem já lhe tenho falado. O meu avô (desta vez, avô verdadeiro: o pai do meu pai) escreveu-me que eles estão ofendidos etc. por eu não lhes ter mandado o Céu em Fogo como fiz sempre com os meus outros livros. Como isso não custa nada vou-lhes mandar um volume, daqui, mas para isso preciso saber o n.o da porta. Se porventura não encontrasse no anuário a morada não tinha importância nenhuma – não se preocupasse mais com a affaire.
Tenho muita pena de não lhe ter mais nada a dizer.
Só lhe suplico que escreva sempre, sempre, sempre.