Quadra que só lhe será percebível se você a interpretar, supondo-lhe uma continuação – de acordo com o Sá-Carneiro que o meu amigo tão bem conhece... Ai, mas porque raio, de vez, não me meterei eu para sempre na cama a ler um almanaque!
Se o pequeno do tal livro com influência sensacionista fez alguma coisa de interessante, encomende-me o folheto na livraria. Mas só se, por qualquer lado, for interessante. E a revista Santaritapintoresca? Foi chão que já deu uvas – hein? Soneto antológico Guisado agora não tenho. Farei talvez se fizer. Não tenho nada com isso mas acho restrita a ideia de só publicar sonetos. Acho mesmo um pouco tolo.
É pena – porque a ideia em si é óptima.
Sobre influências sensacionistas: bastantes numa carta literária que recebi muito recentemente do Rodrigues Pereira que estuda para sargento em Coimbra. Lembra-me textualmente esta (mais «Sá-Carneiro» talvez, do que sensacionista): Vá a tal bar de Montmartre «compre cocaína e quebre os espelhos do tecto». Não pareço eu dos últimos versos que lhe enviei?
Não deixe de pedir ao Pacheco que responda à minha carta. O Franco deve pois vir a Paris por todo este mês, conforme lhe contei.
Recebi um postal do Augusto a quem você agradecerá. Quanto a negócios de livraria. Você já sabe: preciso de receber o dinheiro no começo de Dezembro.
O mais possível. Todo: é pouco. Hélas!...
Mil abraços de Alma.
Escreva sempre.
o seu, seu
Mário de Sá-Carneiro