Para meu sossego venho pedir-lhe que diga na Livraria – se porventura não satisfizeram o meu pedido – para em todo o caso, de modo algum, deixarem de me enviar 40 francos de maneira que eu os receba sem falta alguma a 14 outubro limite máximo. Eu lhe explico: Com efeito até esse dia chega-me o dinheiro. A 15 devo receber do meu Pai – mas há sempre um pequeno atraso. Assim antes de 18 ou 19 (tanto mais que 17 é Domingo) não receberei o dinheiro de África – precisando por consequência do de Lisboa para fazer a ponte. Isto tem para mim uma grande importância. Assim peço vivamente que não descuide o assunto – e mostre mesmo esta carta ao Augusto ou ao Ex.mo Sr. Monteiro, explicando bem as coisas e pedindo-lhes muito em meu nome que não deixem de me enviar a importância de forma que eu a receba com a máxima certeza no dia 14. Para isto é necessário que ela saia de Lisboa, o mais tardar, no dia 9. 30 francos bastar-me-iam caso houvesse muita dificuldade em me ser enviada a importância pedida. Creio entretanto que isso não sucederá. Mas não deixe de fazer ver bem como me seria desagradável se não recebesse algum dinheiro no dia 14 o mais tardar. Tanto o Sr. Monteiro como todos na Livraria têm sido duma tal amabilidade comigo que estou certo não me recusarão este inestimável serviço – que o meu caro Fernando Pessoa, em meu nome, muito especialmente agradecerá ao Ex.mo Sr. Monteiro – a quem peço que apresente ao mesmo tempo os meus melhores cumprimentos.
Sem mais, esperando que o meu querido amigo não descure este assunto que tem para mim uma grande importância – envio-lhe mil saudades e um grande abraço de toda a alma
o seu, seu Mário de Sá-Carneiro
P. S. – Peço também para lembrar na Livraria os volumes que pedi me enviassem.