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Fundo
Mário de Sá-Carneiro
Cota
Esp.115/6_44
Imagem
Carta a Fernando Pessoa
PDF
Autor
Sá-Carneiro, Mário de

Identificação

Titulo
Carta a Fernando Pessoa
Titulos atríbuidos
Carta a Fernando Pessoa
Edição / Descrição geral

Carta enviada de Paris, no dia 25 de setembro de 1915. 

 

 **

 

Paris 25 set. 1915

Meu Querido Amigo,

 
Recebi ontema sua carta de 20 que de todo o coração agradeço. Você tem mil razões: O Orfeu não acabou. De qualquer maneira, em qualquer «tempo» há-de continuar. O que é preciso é termos «vontade». Mas junto envio-lhe um coup-de-théâtre: a carta ontem recebida do futurista Rita-Pintor que não quer que o Orfeu acabe, e o continuará com alguns haveres que possui, caso nós nos não oponhamos etc., etc. – e contando comigo e consigo – pois já lhe não chama nomes feios!... O caso é bicudo – especialmente para você que o tem de aturar. Dou-lhe carta branca. O meu querido amigo diz-lhe o que entender, resolve o que entender. Por mim limito-me a escrever-lhe logo uma carta vaga: que sim e mais que também... Esse sarilho, resolva-o você. Claro que Santa-Rita «maître» do Orfeu acho pior que a morte. Entretanto você resolverá tudo. «Eu, aqui de longe, nada de positivo posso fazer, nem decidir» – será o tema, o resumo da minha carta ao Gervásio Vila Nova.
AGORA UMA COISA muito importante: Rasgaram-se-me as ceroulas, chove muito: tive de comprar portanto ceroulas e botas. Assim vi-me forçado a pedir pelo correio de ontem à Livraria que me enviassem 40 ou 50 francos, o mais breve possível de maneira a que eu receba as massas a 8 ou 9 (não faria mal que fosse a 10, mas aos homenzinhos convém falar assim – e, de resto, para meu sossego, quanto mais cedo melhor). Assim suplico ao meu querido Fernando que vá imediatamente à Livraria indagar se foram recebidas as minhas cartas e não me largue o Augusto. Na volta do correio, por amor de Deus informe-me do que lá lhe tiverem dito, se eu posso contar efectivamente com os 40 ou 50 francos até 8 ou 9 do próximo mês de outubro. Diga ao Augusto que eu lhe escrevi que isto tem para mim muita importância. Mace-mo todos os dias. Conto mais um vez consigo. Por amor de Deus não descure este assunto. De resto a Livraria não me faz favor algum pois o tempo é já passado de sobra até para a liquidação total do Orfeu. Isto tem para mim efectivamente uma grande importância e assim mais um vez apelo para a sua amizade. Informe-me por amor de Deus na volta do correio, num simples postal, do que lhe tiverem dito sobre o assunto. Não se esqueça. E por hoje mais nada senão esta carta estúpida de matéria.
 
Mil abraços de toda a alma.
O seu, seu

Mário de Sá-Carneiro

Escusa de reenviar-me a carta S. Rita. É verdade esqueceu-me de procurar a outra. Irá depois. Não descure assunto Livraria. Perdoe-me!

 
Notas de edição
Identificador
https://modernismo.pt/index.php/arquivo-almada-negreiros/details/33/5671

Classificação

Categoria
Espólio Documental
Subcategoria
Correspondência

Dados Físicos

Descrição Material
Tinta preta sobre papel liso e timbrado ("Café Royal") e sobrescrito.
Dimensões
Legendas

Dados de produção

Data
1915 Setembro 25
Notas à data
Inscrita.
Datas relacionadas
Dedicatário
Destinatário
Fernando Pessoa
Idioma
Português

Dados de conservação

Local de conservação
Biblioteca Nacional de Portugal
Estado de conservação
Bom
Entidade detentora
Biblioteca Nacional de Portugal
Historial

Palavras chave

Locais
Paris
Palavras chave
Orpheu, Futurismo, Modernismo
Nomes relacionados

Documentação Associada

Bibliografia
Publicações
Sá-Carneiro, Mário de, Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, ed. Manuela Parreira da Silva, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001.
Exposições
Itens relacionados
Esp.115
Bloco de notas
Na transcrição das cartas: a ortografia foi actualizada e as gralhas evidentes corrigidas, mantendo, contudo, as elisões com apóstrofo e todas as singularidades da pontuação usada por Mário de Sá-Carneiro, bem como a forma original das datas, muitas vezes com o nome dos meses em letra minúscula ou abreviado. O título da revista Orpheu foi mantido na forma sempre usada por Sá-Carneiro – Orfeu. Foram mantidas, igualmente, as versões de versos e de outros trechos literários mais tarde corrigidos ou refundidos pelo poeta.